SANTIAGO, 20 de jul de 2004 às 14:28
O Arcebispo de Santiago, Cardeal Francisco Errázuriz, reiterou que sua Arquidiocese fez o que devia no caso de um ex-sacerdote acusado de abusar de três menores, e expressou sua confiança em que a Suprema Corte esclareça esta responsabilidade.
A questionada decisão condenou em “responsabilidade coletiva” o Arcebispado de Santiago a pagar uma indenização de cem milhões de pesos concluindo que não houve a “atenção suficiente” -por parte da Igreja- para ter evitado os delitos do ex-sacerdote.
“Evidentemente todo bispo se preocupa pelas grandes linhas pastorais. Além disso vela pela pregação do Evangelho, se celebra missa para o povo aos domingos, se cultiva a fraternidade sacerdotal, se assiste às jornadas de formação, se preocupa pelo sustento, etc. mas se um sacerdote não respeitasse as leis do trânsito e batesse com o carro, se assinasse um cheque sem fundo, se ficasse furioso com alguém que o insulta e lhe desse um soco, como querem que o Bispo o impeça, que esteja presente nesse momento, do lado? Não é racional exigir isso”, explicou o Purpurado.
Segundo o Cardeal Errázuriz, “na ordem civil os sacerdotes diocesanos têm uma grande liberdade; não pode responder à hierarquia por cada um de seus atos. Além disso, seria contrário à liberdade das pessoas”.
“A base da relação não é a desconfiança; tampouco uma submissão servil. Partimos de outra base. Um sacerdote quer cumprir seu ministério. Quer fazer Jesus Cristo presente; o que mais anseia é o bem das pessoas e cumprir os compromissos que assumiu anteriormente. E os católicos sabem com que generosidade os cumprem. É evidente que não se pode supor e exigir uma dependência que transforme pessoas livres em menores de idade”, indicou.
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O Purpurado também indicou sua esperança em que a Suprema Corte não confirme a decisão e reiterou que “fizemos o que tínhamos que fazer, com celeridade, dispomos as medidas necessárias assim que tivemos conhecimento. Não nos cabe a responsabilidade de um diretor de internato ou de um lar de menores”.
Ao ser questionado sobre por que a Igreja no Chile não age como os bispos dos Estados Unidos que pagaram milhões de dólares às vítimas de abuso sexual, o Arcebispo respondeu que “são coisas diferentes”.
“Aqui preferimos não buscar acordos extra-judiciais, mas enfrentar esta matéria nos tribunais. Que eles estabeleçam se atos desta natureza são só de responsabilidade pessoal ou também institucional. Se em justiça tiver que pagar algo, o faremos”, precisou.
Segundo o Cardeal, “na Igreja de Santiago há um déficit muito grande. Seria injusto empregar para isto as contribuições dos fiéis para fins pastorais. Mas se for necessário vender algo uma capela, uma casa paroquial, outra coisa? Não gostaria de especular sobre um cenário em que nos assiste a convicção de não ser responsáveis no civil”.
“O justo se faz... mas nós cremos que não é justo. E esperamos que a Suprema Corte ponha as coisas no seu lugar”, concluiu.